142 Zenbakia 2001-11-02 / 2001-11-09

Gaiak

Aproximando-me

UGARTETXEA ARRIETA, Arantxa

Aproximando me Aproximando me * Portugués Arantxa Ugartetxea Arrieta Eu estou aqui como membro da "Sociedade de Estudos Bascos" Eusko Ikaskuntza. Instituição que teve a honra de receber Nita em Novembro de 99, quando do lançamento do livro de Paulo "Pedagogia da Autonomia", traduzido para o basco com o título de "Autonomiaren Pedagogia". Esta Instituição faz parte do mundo acadêmico e cultural europeu com a característica freireana da não neutralidade, isto é, a favor da integração social da cultura basca dentro de um estilo de trabalho estritamente científico e plural. "Aproximando me" é o título de meu artigo neste livro que hoje sai à luz. Escrevi o em castelhano e foi traduzido para o português para sua publicação. Lendo o, agora, uma sensação de beleza e enriquecimento invadem todo o meu ser, sentindo me mais próxima de Paulo e de todos vocês. Quero dizer lhes que cada vez que ouço ou leio Nita é como se a presença do Professor se prolongasse no tempo e espaço, suavizando sua ausência como uma contínua e nova presença. Cheguei em São Paulo, em Julho de 1982, respondendo a um chamado de amor e paixão. José Ramón de Zubizarreta, meu esposo, morava em Taboão da Serra, numa casa em estilo basco, construída por ele. Seus melhores e mais profundos sentimentos de liberdade tiveram a cor basco brasileira. Os dois tínhamos partido, ele primeiro eu depois, de uma cultura peculiar "a basca" para sermos acolhidos por uma cultura diferente "a brasileira". Creio que desde esse momento o basco e o brasileiro fizeram parte de nossas formas de ser como uma unidade indissolúvel e plural que até hoje, no meu caso em especial, experimento com alegría. Mas eu... já me estava aproximando deste Brasil incrível sem sabê lo. A pessoa que há mais ou menos 30 anos despertou em mim uma inquietação transformadora, ao conhecer em terra colombiana seu método de alfabetização de adultos, foi o extraordinario mestre e amigo que nos reúne aquí a todos: O PROFESSOR PAULO FREIRE. Há 30 anos comeceia aproximar me desta pedagogía e no transcurso deste tempo não dexei de fazê lo, pois este sentir e emoção freireanos vivem em mim como uma força real e transformadora. Nita Freire e Arantxa Ugartetxea. Hoje, novamente, graças a Nita e a todos vôces, esta aproximação é para mim mais profunda e global, mais concreta e universal, impregnada dessa extraordinária presença brasileira de Paulo, apesar de sua tão sentida ausência. Nesta universidade, tive a honra de ser sua aluna, participando como ouvinte nos cursos de pós graduação e, desde então, quando falo sobre ele, leio seus livros ou escrevo, este espaço singular faz parte contextual dessa leitura sobre seu pensamento pedagógico que me aproxima a esse "ser mais" do qual ele tanto falava. Desejo apresentar me como aluna do PROFESSOR PAULO FREIRE porque em suas aulas, nas aulas desta universidade e em horas curriculares, aprendí a vivenciar de maneira especial que, dentro de um horário e programas curriculares, é possivel e real viver o processo da própria transformação na busca do conhecimento, quando se descobre com a ajuda de um bom mestre o verdadeiro sentido do humano. Esse sentido do humano de que tão bem nos fala o biólogo chileno Humberto Maturana e que eu tive a sorte de experimentar naquelas aulas simplesmente extraordinárias, onde sempre acontecía que: entrava e saia de forma diferente, pois algo me iluminava de maneira especial, interpelava e liberava... algo acontecía. A relação professor aluna, aluno era vivida em nossa mais genuína condição humana, a de pessoas em busca do conhecimento, desterrando qualquer manifestação autoritária, ao mesmo tempo que a autoridade do professor e dos alunos e alunas permanecía sempre respeitada. Desde então, esta indissolúvel relação professor, professora aluno, aluna, tento vivê la dentro das múltiplas limitações pessoais, estruturais e sociais, como o tesouro mais precioso em qualquer espaço educacional. O direito à palavra neste caminhar compartilhando saberes, era umarealidade palpável naquelas aulas. Nunca me sentí diminuída, silenciada ou desvalorizada. A leitura pessoal contextualizada que o PROFESSOR practicava em classe levaram me em mais de uma ocasião a liberar essa palavra que permanecía silenciosa em mim e, às vezes, silenciada. Em alguns momentos teve o extraordinário gesto pedagógico de fazer me falar em basco para satisfazer sua curiosidade e compartilhar na classe a singularidade de minha lingua materna. Hoje, percebo que esse gesto criava em mim laços relacionais entre as duas culturas e colocava no lugar que lhe corresponde nosso idioma euskara, que tantas dificuldades vem superando para poder viver neste mundo como uma realidade imprescindível dentro do patrimônio da cultura basca e universal. Por tudo isso, posso dizer hoje, recordando o pensador e psiquiatra colombiano Luis Carlos Restrepo, profeta da ternura em meio a tanta violência, que eu nas aulas do PROFESSOR PAULO FREIRE, experimentei a ternura do conhecimento. E assim, pouco a pouco fuí me aproximando desta pedagogía transformadora que hoje tenho a enorme alegría de compartilhar com vocês neste ato de homenagem a Paulo, com motivo da apresentação do livro " A PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO EM PAULO FREIRE". Todas e todos que aquí estamos partimos de nossas concretíssimas realidades pessoais, sociais e culturais para celebrar hoje este momento excepcional. Fomos convocados pelo saber e pela emoção que soube compartilhar conosco um PROFESOR brasileiro que sentimos como amigo. E, fazendo minhas as palavras do psiquiatra y amigo brasileiro, Alfredo Soeiro que se encontra hoje aquí, sinto que a realidade é sempre emocional. Por isso hoje minha emoção de aluna se engrandece e ao querer expressar me melhor busco as palavras do PROFESSOR que Nita pôs em minhas mãos na "Pedagogía da indignação" (pág.76), para uma vez mais lendo as emocionar me: "E é exatamente esta vontade de ser nós mesmos e este desejo forte, alentados pelo sonho possível, pela UTOPIA tão necessáriaquanto viável, que marcham os progressistas e as progressistas destas Terras de América para a concretude, a realização dos sonhos dos Vascos, de Quiroga e Tupac, dos Bolívares, dos San Martins, dos Sandinos, dos Tiradentes, dos Ches, dos Romeros. O futuro é dos povos e não dos impérios." São Paulo, abril de 1992. ¡QUE SAUDADE PROFESSOR! Arantxa Ugartetxea Arrieta, pedagoga Euskonews & Media 142.zbk (2001/11/2 9) Eusko Ikaskuntzaren Web Orria